15 fevereiro 2009

a janela do meu quarto dá para o pátio de entrada. do lado de lá das casas ergue-se solene uma grande chaminé de tijolo donde se solta, sem fim, um fumo leve e frágil que mal se eleva desaparece contra o céu. quando há nuvens — quase sempre — a dissipação acelerada das suas curvas atrás de curvas parece apontar para a lenta transformação das formas das nuvens, ao ponto de me ter ocorrido ser essa a razão para a chaminé estar sempre a fumegar. é que me lembrei de uma história da cabala judia em que uns anjos são criados para louvar deus e como assim que nascem o louvam, assim que o louvam deixam de existir. assim incessantemente, como o fumo da chaminé que mal aparece contra as nuvens desaparece.
nestas coisas pensei eu debruçada na janela para não deixar o fumo do meu cigarro entrar no quarto.